A humanidade já extrapolou em quase 60% a quantidade de serviços que a natureza pode fornecer de forma sustentável, segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Para reverter este quadro dramático, a ONU lançou a Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021/2030).
Veja a que ponto chegamos com a sobrexploração dos ecossistemas:
- A degradação do solo afeta quase 2 bilhões de hectares (uma área maior do que a América do Sul) e prejudica o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas, cerca de 40% da humanidade.
- Nos próximos 25 anos, a degradação da terra pode reduzir a produtividade global de alimentos em até 12%, levando a um aumento de 30% dos preços mundiais dos alimentos.
- No último século, metade de todas as áreas úmidas do planeta foram destruídas.
- Quase 50% dos recifes de coral já foram perdidos e até 90% podem ser perdidos até 2050.
(Fonte: ONU)
E o prejuízo que isso traz:
- A cada ano, o mundo perde serviços ecossistêmicos que valem mais de 10% da produção econômica global.
- A cada três segundos, o mundo perde uma área de floresta suficiente para cobrir um campo de futebol. A cada ano, são 10 milhões de hectares, área equivalente ao tamanho da Islândia – com isso, de 12% a 20% de emissões globais de CO2 deixam de ser absorvidas pela floresta e são lançadas na atmosfera.
(Fonte: ONU)
Investir em restauração é uma decisão econômica inteligente. A recuperação de áreas degradadas gera empregos, reconstrói meios de subsistência, remove carbono da atmosfera, atenua a mudança climática, restabelece as defesas da natureza contra desastres e eventos climáticos extremos, e recria uma proteção natural contra doenças zoonóticas. Além disso, de acordo com a ONU, acelera o progresso de todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Confira alguns exemplos do que a restauração pode proporcionar:
- Restaurar 350 milhões de hectares de terras degradadas até 2030 (uma área do tamanho da Índia) pode reverter a presença de entre 13 e 26 gigatoneladas de gases de efeito estufa na atmosfera.
- Combinada com a interrupção de novas conversões de ecossistemas naturais, a restauração pode ajudar a evitar 60% das extinções de biodiversidade previstas.
- Oportunidades de negócios emergentes em toda a natureza podem criar 191 milhões de empregos até 2030.
(Fonte: ONU)
Para enfrentar a tripla ameaça da mudança climática, perda da natureza e poluição, o relatório recomenda restaurar pelo menos 1 bilhão de hectares degradados de terra na próxima década (uma área do tamanho da China). Os custos globais desta recuperação – não incluindo os custos de restauração de ecossistemas marinhos – são estimados em pelo menos US $200 bilhões por ano até 2030. No entanto, de acordo com o relatório, os países gastam entre US $4 a 6 trilhões por ano em subsídios a atividades que prejudicam o meio ambiente.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, reconhece que “a tarefa é colossal”. Mas ressalta que irá ajudar a eliminar a pobreza e a fome, ao criar milhões de novos postos de trabalho e gerar um retorno de mais de US $7 bilhões todos os anos até 2030.
O movimento #GeraçãoRestauração pode beneficiar diretamente o Brasil. Com importante participação do reflorestamento, manejo de solo e agropecuária, o país concentra 20% das oportunidades globais em Soluções baseadas na Natureza (NbS, na sigla em inglês), que são medidas e ações que visam usar os serviços ecossistêmicos para solucionar os problemas ambientais, sociais e econômicos.
Invista em recuperação de ecossistemas. Faça as contas:
- Restaurar 350 milhões de hectares de terras degradadas até 2030 pode gerar US $9 trilhões em serviços ecossistêmicos.
- Restaurar terras degradadas pode gerar US $1,4 trilhão extra na produção agrícola a cada ano.
- Para cada dólar investido em restauração, pode-se esperar entre US $ 7 a US $ 30 em retorno para a sociedade.
(Fonte: ONU)