O processo de desertificação, como o nome já diz, é a transformação de ecossistemas naturais em ambientes semelhantes aos desertos. Esse fenômeno é causado em sua maioria por ações humanas e consiste no degradamento do meio ambiente, decorrente do desmatamento, degradação do solo e aumento da frequência e da intensidade dos eventos de seca, fruto principalmente das alterações globais do clima.
A desertificação altera de forma drástica a paisagem, com impactos significativos na fertilidade dos solos, na vazão de rios, na ecologia e na economia. No Brasil, esse fenômeno é bastante conhecido no bioma caatinga, porém existe um fenômeno semelhante causado pelos mesmos fatores já citados – desmatamento e alterações climáticas – ocorrendo em áreas de bioma amazônico. Nesse caso, o processo é conhecido como savanização, quando há uma redução acentuada da biomassa vegetal com impactos diretos nos produtos e serviços ecossistêmicos, bem como na ecologia e na biodiversidade da floresta. Em alguns casos o nível de degradação do solo é tamanho que áreas antes ocupadas por floresta amazônica tem adquirido fisionomia de caatinga.
A savanização da floresta amazônica já pode ser observada em diversas áreas do Mato Grosso, Rondônia e sudeste do Pará. Diferente da desertificação, que transforma áreas de caatinga e cerrado em desertos (ambiente até então inédito no Brasil), a savanização é o fenômeno de transformação do bioma amazônico em savana (cerrado). Ambos possuem em comum a característica de reduzir drasticamente a biomassa contida na paisagem, contribuindo para o aumento das emissões de gases do efeito estufa, principalmente o CO2.
A comunidade científica assume como o “ponto de não retorno” da floresta amazônica (onde o processo de savanização se tornaria irreversível) algo em torno de 20% a 25% de desmatamento. Hoje a taxa de desmatamento do bioma está em 17%. Nesse cenário, o processo de savanização do bioma seria retroalimentado pelo aquecimento global e vice e versa, escapando ao controle e podendo levar a conversão em savana de cerca de metade do bioma, o que por sua vez acarretaria a uma acentuada emissão de gases de efeito estufa decorrente da perda da biomassa florestal. O colapso da floresta amazônica teria o efeito de reduzir drasticamente a precipitação pluviométrica da região Sudeste do Brasil, inaugurando uma nova frente de desertificação no país.